sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Que tarde para esquecer

No fim do almoço fui à faculdade fazer a matricula no mestrado, correu tudo muito bem e vim embora. A meio do percurso da auto estrada sinto o pé que está no acelerador a deslizar para o lado e sinto-o solto, o meu coração parou logo ali, estava eu de sandálias e os pés começam logo a suar, piorando a situação, já que tinha que ter o pé firme para controlar o acelerador que deslizava para os lados. Eu percebo muito pouco, ou nada mesmo, de carros e, por isso, qualquer situação anormal deixa-me em alerta. Reduzi de imediato a velocidade e fui devagar até à saída da auto estrada onde parei e liguei ao meu socorrista de serviço, o meu pai. Entrou logo em contacto com o mecânico que, por acaso, até estava perto e disponibilizou-se a ir ter comigo, fantástico. 

Espero cerca de 15/20 min, numa zona onde até passam alguns carros e com umas bermas bastante largas para poder ter lá o carro sem qualquer problema. Entretanto pára um BMW atrás de mim, mesmo coladinho e sai de lá um homem, e digo homem porque de senhor não tem nada, muito bem vestido, óculos de sol e dirige-se a mim muito calmamente. Eu estava dentro do carro, vidros abertos e vi o homem a aproximar-se e já não estava a gostar daquela atitude. O sujeito começou a fazer-me umas perguntas acerca de uma freguesia, estava, segundo ele, perdido e tinham-lhe dado informações erradas. Indiquei ao homem a tal freguesia e ele continua ali, em frente à minha porta, encostado ao carro e sem tirar os olhos de mim, com  um tom de voz muito calmo (nojento até), para quem estava perdido. Depois começou a falar da sua atividade profissional, perguntou-me se conhecia alguém ali da zona com o mesmo trabalho... mesmo depois de lhe ter dito que não conhecia nada ali e que nem era de perto.
Eu já não sabia o que fazer, não olhava para ele se quer e como estava com o telemóvel na mão pus o número do meu pai pronto a chamar caso fosse necessário, ele sabia onde eu estava e que estava sozinha. Eu já estava a pensar no pior, passou-me tudo pela cabeça, sabia que o homem não queria nenhuma indicação, caso contrário tinha ido logo direto ao assunto, não teria mais conversa e não estava tão calmo e encostado à minha porta... eu estava cheia de medo, sentia-me derrotada por ele já. 
Eis que chega o mecânico e o homem desaparece, eu abri logo a porta e nem consegui olhar, comecei logo a falar para o mecânico que me perguntou logo se estava bem e se conhecia o sujeito. O homem evaporou-se assim que viu que já não estava sozinha. E eu respirei de alívio.

Nunca tal me tinha acontecido e nunca tinha sentido tanto medo por estar sozinha com um estranho, eu não sei qual seriam as suas intenções. Assalto? Violação? Rapto? Sei lá, mas acreditem naqueles minutos passa tuuuuuudo pela cabeça, só pensamos no pior. Eu não podia fazer nada, estava sozinha, com ele a impedir-me a saída do carro e claramente a entender que não queria informações. O que pensava fazer comigo? E se o mecânico não chegasse naquela altura? 
Se as intenções fossem boas não teria ido embora tão rapidamente, sem agradecer tão pouco a informação e também não havia necessidade de fixar o olhar e de me impedir de sair... Fiquei com tanto medo naqueles instantes.

Não passa pela cabeça de uma mulher abordar um homem que esteja na rua sozinho, já o contrário... uma mulher sozinha e dentro de um carro é uma presa fácil, mas a sujeitos destes podemos chamar de muita coisa horrível, mas acima de tudo são uns fracos, cobardes que só fazem certas coisas quando têm a certeza que fisicamente são superiores. Pessoas destas não valem nada, foi ver chegar um homem e fugiu. 

Quanto ao carro, vim com ele até casa mas o pedal ia mesmo soltar-se de vez... já esta resolvido ;)

2 comentários:

  1. Ainda bem que a situação acabou bem e que nada de mal aconteceu, porque, certamente, esse "homem" não teria boas intenções.

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    1. Ainda bem mesmo. Ter a certeza de que o sujeito não tinha boas intenções deixava-me com mais medo e sem saber o que fazer. Anda cada maluco à solta.

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